Talvez o que o incomoda é não poder sair e ver um amigo – apertar a mão, dar um abraço e almoçar. Ou talvez seja a quinta chamada de zoom do dia que consome um pouco mais de energia do que uma conversa cara a cara. Todos sabemos que precisamos de conexão. Nós precisamos de outras pessoas. Mas o que foi especialmente revelado (pelo menos em meu coração) durante esta temporada de “distanciamento” é que não precisamos apenas estar fisicamente presentes com as pessoas, precisamos estar realmente presentes com as pessoas. Há uma diferença. Não é que não tenhamos entendido isso antes. Alguns de nós sempre soubemos que precisamos de relacionamentos que nos levem mais fundo do que o “Ei, como vai você?”. Mas nossa situação está revelando ainda mais os anseios de nossos corações.
Por que precisamos de conexão real?
- Somos propensos à descrença
Precisamos dos outros porque nossa natureza pecaminosa endurece nossos corações naturalmente, afastando-nos de Deus. Hebreus 3: 12-13 – “Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo; pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama HOJE, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado”
O pecado é enganoso. Somos atraídos para pensar apenas em nós mesmos, no que mais queremos e no que nos servirá. A disposição natural de nossa natureza pecaminosa é interior. Por causa dessa disposição, o escritor de Hebreus instrui o povo de Deus a prestar atenção um ao outro, “exortando- se todos os dias” . Portanto, não podemos simplesmente assumir que tudo está bem. Isso sempre é verdade, mas especialmente nesta época de medos, dúvidas, ansiedades e crescentes conflitos torna-se mais relevante. Há um inimigo à nossa volta, procurando nos devorar (1 Pedro 5: 8). Precisamos de outros para encorajamento – simplesmente não podemos enfrentá-lo sozinhos.
- Estamos propensos a perder a esperança
Não podemos ignorar a esperança que temos em Jesus. No meio das provações, o escritor de Hebreus diz à igreja que mantenha firme a esperança que professa. Hebreus 10:23 – “Vamos manter firme a esperança que professamos, pois quem prometeu é fiel.” Essa esperança leva-nos a aproximarmos de Deus com plena certeza da fé, porque fomos perdoados pelo sangue de Jesus (v. 19-22). Não nos lembramos de quanto fomos perdoados. Todos somos propensos a esquecer o evangelho da graça – especialmente quando vemos nosso próprio coração.
No Salmo 103:1-2, Davi escreve: “Bendize , ó minha alma ao Senhor, e tudo que há em mim bendiga ao seu santo nome. Bendize, ó minha alma e não te esqueças de nenhum só de seus todos benefícios “. Quais são esses benefícios? “Ele não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante as nossas iniquidades. Pois quanto o céu se alteia acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem. Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões” (Sl 103:10-12).
Ao falarmos as verdades do evangelho, nosso coração se suaviza. Mas, em meio às circunstâncias adversas somos tentados a esquecer e perder a esperança. Então, qual deve ser a nossa reação? Voltemos a Hebreus 10: 24-25: “Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de congregar-nos como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o DIA se aproxima”. Dois princípios são claros nessas passagens: nossa conexão deve ter alta frequência e encorajamento intencional.
Como podemos nos conectar com qualidade diferenciada? Sentimos a necessidade de nos conectarmos com frequência. Mas como nos conectamos agora fará toda a diferença. Nossa tendência é fugir da profundidade, especialmente se estamos em uma plataforma de videoconferência. No entanto, para incentivar nossos irmãos e irmãs, precisamos tomar a decisão de ficar abaixo da superfície, para realmente estarmos presentes com as pessoas.
Nesta pandemia cheia de limites e complexidades, aqui estão algumas maneiras pelas quais podemos encorajar uns aos outros:
- Ouça bem os outros
Para entender o que realmente está acontecendo com alguém, ouvir é o primeiro passo (Tiago 1:19). Prestar atenção à pessoa, à sua linguagem corporal, às inflexões de voz, com paciência e interesse genuíno!
- Faça perguntas
Freqüentemente, em conversas, fazemos perguntas predeterminadas que partem do pressuposto de que nós sabemos antecipadamente o que a pessoa precisa ouvir. No entanto, agindo assim, corremos o risco de estar compartilhando o que na verdade nós precisamos ouvir e não o que ela de fato necessita ouvir. Lembre-se disto: uma boa audição levará a boas perguntas. Preste atenção. Entre no lugar das pessoas. O que elas estão experimentando? Imagine-se como elas vivenciam as mesmas circunstâncias. Em seguida, ore pela ajuda do Espírito e faça uma pergunta relevante.
Para ajudar a ficar abaixo da superfície, faça sempre uma segunda pergunta. Não pare com “como você está?” Vá além e faça a segunda pergunta : como você está realmente ? Pode ser algo como isto: “Que emoções você está sentindo em relação ao que acabou de compartilhar? Que pensamentos você teve recentemente e que foram surpreendentes para você? Que comportamentos você já viu em você e que apontam para a necessidade de um Salvador? O que você realmente espera que Deus faça nessa situação e o que isso diz sobre o que você deseja? Como é o arrependimento nessa situação?”
- Lembre-os da esperança em Jesus
Quando ouvimos bem e fazemos perguntas sábias, isso nos permite incentivar e conectar a esperança do evangelho a uma necessidade específica, abrindo portas para perguntas como: “E a obra de Cristo para você na cruz agora é mais significativa para você?” E isso permite que você aprofunde a conexão – “posso compartilhar algo com você que possa incentivá-lo?” – proporcionando a oportunidade de compartilhar aspectos da Palavra de Deus que se aplicam a suas circunstâncias particulares. Você ouviu bem e ouviu o coração deles. Então ore para que o Espírito Santo lhe dê as palavras certas para falar no momento certo. Agora é hora de incentivá-los com o evangelho. E, como nos conectamos com uma necessidade real , podemos incentivá-los bem .
Não aplicamos as Escrituras de uma maneira fria e limitada, mas relacionando-a com todos os detalhes de sua vida. Esse equilíbrio de verdade e amor é o corpo de Cristo em ação. A pessoa sentirá o amor de Jesus e ouvirá a verdade do evangelho de uma maneira que se sentirá motivada a mudar. Muito está sendo trazido à tona agora. Não vamos negligenciar esta oportunidade única de realmente estarmos presentes com as pessoas!
Caleb Martin
Diretor de Discipulado Masculino na Igreja Perimeter
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