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DIALOGANDO SOBRE DISCIPULADO

Matt Smethurst              Pr. Handy Pope

“Se você quer um legado, um efeito geracional, então invista sua vida na vida de alguns poucos homens ou mulheres”.

Reproduzimos aqui entrevista dada pelo  Pr. Handy Pope a Matt Smethurst, publicada originalmente no site The Gospel Coalition (TGC). Pope, atualmente, é  presidente do Discipulado Missional Life on Life nos EUA e um entusiasta de sua expansão no Brasil e no mundo.

TGC: Quais são os equívocos ou erros mais comuns relacionados ao discipulado que você percebe nas igrejas evangélicas hoje?

Randy Pope: O grande equívoco na maioria das igrejas de hoje é a noção de que se simplesmente dermos boas direções, podemos delegar o trabalho do ministério e esperar bons resultados. Claro que todos podemos apontar para aquela rara e saudável ovelha que faz como foi instruída, mas descobri que, como diz Ken Blanchard, passar de direcionar para delegar tende a criar “aprendizes desiludidos”. Como líderes, então, é importante entendermos esse significado. Podemos involuntariamente criar aprendizes desiludidos, e a tragédia é que esses indivíduos talvez nunca compreendam completamente que Deus pode usá-los em sua grande história de redenção – mesmo que sua primeira tentativa tenha terminado em fracasso. Nós acreditamos que é necessário algo mais do que direcionar e delegar.


TGC
: O que é o conceito de trazer o discipulado de volta à igreja local, e por que ele é significativo?

Randy Pope: Durante décadas a igreja se concentrou em muitas coisas além do discipulado pessoal. Esse discipulado foi em grande parte “terceirizado” para outros ministérios. No livro “Discipulado na Igreja Local”,  chamo pastores para trazerem o discipulado de volta às suas igrejas. Eu falo com pastores que realmente não acreditam que o discipulado pessoal possa ser feito dentro da igreja. Eu entendo o pensamento deles e simpatizo um pouco. No entanto, se acreditamos que a igreja tem a oportunidade de afetar a vida dos indivíduos e então, através desses indivíduos, afetar comunidades, cidades e pessoas em todo o mundo, é imperativo que tenhamos um plano para ajudá-los a se tornarem cristãos maduros e capacitados. O resultado que desejamos deve ser seguidores de Cristo maduros e capacitados investindo suas vidas na vida de outros e levando as boas novas do evangelho para o mundo perdido em que vivem, trabalham e têm seus momentos de lazer.

TGC: Por que você não permite que os pequenos grupos de sua igreja se transformem em estudos bíblicos?

Randy Pope: Ok, vou deixar claro que não somos contra estudos bíblicos. Na Perimeter temos vários grupos que se reúnem e fazem uma variedade de estudos. Muitos desses pequenos grupos realmente estudam a Bíblia. Nesta declaração, estou fazendo uma distinção entre pequenos grupos e nossos grupos jornada¹, que fazem parte do nosso esforço de discipulado pessoal. Quando digo que não permito que os grupos de jornada se tornem um estudo bíblico, quero dizer que o estudo da Bíblia deve ocorrer como preparação para o nosso tempo juntos; assim, quando nos reunimos, teremos tempo para fazer muitas outras coisas necessárias para criar cristãos maduros e capacitados.

Por exemplo, asseguramos que a Verdade (Truth) seja discutida de forma compreensível e utilizável, e nos referimos a isso como Capacitação (Equipping). Nossos grupos jornada também incluem Prestação de Contas (Accountability), já que a Verdade sempre tem implicações na medida em que ela age em nossas vidas e através delas. Depois de desafiar uns aos outros na área da Missão (Mission), investimos em Oração (Supplication) uns pelos outros. Isso forma uma estrutura que chamamos TEAMS², e serve como um sistema operacional para nossos grupos jornada de discipulado.

TGC: Você comenta que o discipulado pessoal não “simplesmente acontece”. “É preciso um trabalho árduo e um plano definido”. Dado que nossa vida ocupada é um obstáculo tão comum para tais relações de discipulado, o que você diria ao crente que deseja discipular, mas tem dificuldade para encontrar tempo para isso?
Randy Pope: As pessoas estão ocupadas. Eles têm pouco ou nenhum tempo livre em suas vidas. Certamente as pessoas na Perimeter não são diferentes. No entanto, como é frequentemente o caso das pessoas ocupadas, elas não se opõem a se envolver em algo se o retorno dessa atividade exceder o valor do tempo investido. As pessoas querem que sua vida valha para algo. Quando os crentes começam a entender a história de Deus, seu primeiro impulso é o desejo de entender seu papel nessa história. Nosso trabalho como líderes, então, é mostrar-lhes como eles podem se envolver sem sacrificar suas famílias ou sofrer de esgotamento.

São necessárias habilidades para encontrar um equilíbrio de vida que permita que homens e mulheres sejam intencionais em relação às suas escolhas e não apenas deixem a vida os levar. O discipulado dá a homens e mulheres a oportunidade de ganhar essas habilidades. Além disso, através da prestação de contas nos relacionamentos com membros do grupo jornada, há a construção de um suporte para eles, enquanto procuram alinhar suas vidas com o chamado de Deus. Muitas vezes digo às pessoas: “se você quer um legado, um efeito geracional, então invista sua vida na vida de alguns poucos homens ou mulheres”. Não há nada mais emocionante do que ver uma pessoa crescendo espiritualmente e sendo usada para ajudar alguém a fazer o mesmo.

TGC: Ao longo das duas últimas décadas sua igreja resolveu tornar o discipulado pessoal seu “objetivo de vida ou morte”. Como isso é encorajado e vivido de maneira prática entre os membros?

Randy Pope: Igrejas têm personalidade, e muitas vezes assumem a personalidade de seu líder. Para o bem ou para o mal, sei que muitas das características da Perimeter devem-se ao meu longo período como pastor fundador. Em nosso contexto, falamos constantemente sobre a missão a qual sentimos que Deus nos chamou – para “fazer seguidores de Cristo maduros e capacitados, para o bem da família, da comunidade e da transformação global”. Isso prepara bem o cenário para uma necessidade contínua de que pessoas estejam capacitadas e então se envolvam onde vivem, trabalham e têm seus momentos de lazer. Nosso desejo é que elas não se contentem em se manter à margem. Acreditamos que elas querem investir suas vidas em algo significativo. Então encorajamos nosso povo a tornarem-se adoradores sinceros e a verem a si mesmos como embaixadores do Reino, levando o evangelho às pessoas que Deus estrategicamente colocou em suas vidas. Nós poderíamos fazer um trabalho melhor, mas Deus tem sido gentil conosco enquanto continuamos a nos fazer disponíveis e procuramos ser fiéis ao seu chamado a nós como igreja.

¹No Brasil, eles são chamados grupos de discipulado missional life on life.
²TEAMS: Truth, Equipping, Accountability, Mission, Supplication. Teams significa times ou equipes. No entanto, não há um acróstico semelhante em português que reúna as cinco ênfases citadas pelo autor.

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