CENSO 2020

Por decisão do Conselho de Servos do DMLOL, estamos realizando um levantamento de todas as igrejas conectadas conosco nos últimos dez anos.  O objetivo é reunir informações que proporcionem o aprimoramento  de nossas  ações, potencializando o acompanhamento oferecido às comunidades locais.

WORSKSHOP

Através do Instituto Dynamis, parceiro do DMLOL/BR na capacitação de pastores e líderes, aconteceu nos dias 3 a 11 de agosto, via on-line, um Workshop Para Liderança, abordando temas como: ouvir de forma ativa;  fazer perguntas poderosas; gerar feedback; definir passos de ação realizáveis; acompanhamento consistente. Quinze irmãos que caminham conosco foram desafiados à investirem em pessoas de forma efetiva e transformadora!

QUARENTA E CINCO ANOS DE CAMINHADA

Completei quarenta e cinco anos no último dia 21 de junho. Recordando os acontecimentos que desencadearam meu nascimento, percebo nitidamente a mão soberana de Deus, ajuntando propositalmente as peças  aparentemente soltas e desconexas de minha existência, para conduzir-me ao primeiro passo de uma transformação que  Ele graciosamente estabelecera: a entrada no Reino de Deus.

Minha primeira referência espiritual veio da simplicidade de uma mineirinha, que ignorava as ciências humanas, mas tinha algo muito superior a elas, o amor sem limites  de uma mãe singular que desde o berço, antes do dengo noturno, me fazia repetir a prece que ela conhecia: “Jesus, Maria, José, minha alma vossa é, deito com Deus e Nossa Senhora do Perpétuo Socorro”.

Fui alfabetizado no Instituto Educacional e Agrícola Nossa Senhora da Glória de Rubiataba-GO, popularmente conhecido como Escola Paroquial. Pela primeira e última vez na história, fui guindado ao posto de primeiro aluno da turma. Da escola para a igreja,  que ficava ao lado,  foi um salto rápido. Mesmo sem a devida habilidade para o manuseio das galhetas, cheguei a uma função que muito orgulhava meu coração infantil: coroinha – auxiliar do Monsenhor Lincoln  Monteiro na  celebração da missa.

Vivendo em órbita do altar, dos ritos, dos sacerdotes, dos santos, das quermesses e das grandes festas do calendário religioso, cedo percebi que só havia um caminho para mim: o sacerdócio. Perto dos onze anos, com a devida bênção de meus pais,  o sonho virou realidade: ingressei no Seminário Redentorista São José, onde por sete anos aprendi valores comunitários que impactaram positivamente minha vida. Mas, na virada estratégica do curso, quando estabeleceria os primeiros vínculos com a Congregação do Santíssimo Redentor, uma grande questão me perseguia: “eu conheço a religião, mas não conheço o Deus de quem ela fala”!

Exatamente quando este sentimento ia gradativamente se transformando numa profunda inquietação, por ordem da Secretaria de Educação Estadual, fomos obrigados a buscar, além da formação sacerdotal, um curso profissionalizante semestral. Sem nenhum interesse e sem qualquer aptidão para a área, matriculei-me no curso de Administração Hospitalar do Senac. Nele, o Deus que  eu adorava sem conhecer, colocou ao meu lado  Maria Madalena Ferrante, uma jovem alegre e extrovertida, que por meio de uma amizade sincera e desinteressada,  de forma criativa e constante foi lançando sementes do Evangelho numa terra seca, porém ansiosa pela fertilidade do Reino.

Por sua influência, resolví participar de um acampamento da Mocidade Para Cristo, organização internacional focada no alcance de estudantes. A esta altura, apesar de não ter nenhum interesse em abandonar os preceitos religiosos arraigados em minha alma, tinha um desejo imensurável de abraçar um Deus vivo, que efetivamente fizesse diferença no meu cotidiano. A música tema, cantada várias vezes pelos Jovens da Verdade, ministério que liderava o encontro,  reafirmou uma mensagem que Deus sistematicamente me enviava: “se alguém não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus” (Jo 3:3).

Começaram, assim, as dores de parto. No último dia do acampamento, 21.06.1975,  em conversa pessoal com o preletor, recebí dele uma palavra que me nocauteou: “sua igreja é a embaixada do diabo na terra e você só encontrará o que está buscando se negar todos os princípios que aprendeu com ela”. Obviamente não concordei com ele, mas mesmo assim, chegando ao final do encontro em culto na Igreja Presbiteriana Maranatha, durante o lanche  servido aos presentes,  admiti a inutilidade da performance religiosa como caminho de conexão com Deus, rendi minha vida completamente a Cristo,  fui visitado de uma maneira indescritível pelo Espírito Santo, nasci de novo, adentrei o Reino, tornei-me  um discípulo de Jesus!

Dito isto, minha idade está plenamente comprovada! Mas meu propósito aqui é outro: lembrar que discipulado começa quando, missionalmente,   através de relacionamentos significativos,  estabelecemos conexões de amor que  proporcionam a oportunidade de partilhamento do Evangelho com pessoas que Deus soberanamente colocou no nosso caminho, levando-as à mais importante experiência da história – entrar no Seu Reino por meio de um novo nascimento.  Filhos gerados em Cristo precisam ser intencionalmente criados em Cristo, frequentemente com as mesmas dores do parto (Gl 2:19), pelo aprofundamento qualificado do relacionamento vida a vida em pequenas comunidades de fé, numa busca permanente de uma genuína maturidade cristã. Desde aquele memorável dia, pela graça de Jesus e para a Sua glória, estou comprometido com esta causa!

Pr. Jair Francisco Macedo – Diretor Executivo do DMLOL/BR

AJUSTANDO A RESPONSABILIDADE

 

“Não assuma nada”, este  é um lema pelo qual tento viver na liderança de meu grupo de discipulado. Eu quero liderar de uma maneira que priorize a escuta em vez de  minhas suposições. Este é um desafio, porque todos estamos fazendo suposições constantemente. A disciplina está em aprender  a fazer uma pergunta  primeiro. Isso pode confirmar que nossa suposição foi precisa, mas também pode mostrar que ela estava errada.

Ao ouvir algumas pessoas nas últimas semanas dessa pandemia, minhas suposições  mostraram-se falsas. A diversidade de novos desafios que elas  estão enfrentando neste momento é impressionante. Muitos desses desafios são incrivelmente específicos e únicos para uma pessoa, empresa ou família. Por isso, não há uma bala de prata, não há uma resposta geral que cubra cada situação. Ao mesmo tempo, nenhum de nós já passou por isso antes, então não podemos liderar confiando na experiência passada para ajudar os outros.

Nestes novos tempos, o discipulado deve se tornar mais pessoal do que nunca. Uma das principais áreas para realizar esse trabalho relacional é a prestação de contas. Fazendo boas perguntas e ouvindo  bem, minimizamos nossas suposições e entendemos verdadeiramente o que as outras pessoas estão passando. Depois de entender a situação, você pode perceber que não tem conselhos a dar.  Então, o que você faz? A boa notícia é que a palavra essencial para a liderança não é conselho, mas dependência exclusiva  do Senhor! Lembre-se, o Espírito Santo está trabalhando em sua vida hoje, nesta pandemia, tanto quanto esteve no passado! Ele começou uma boa obra em você e irá completá-la até o dia de Cristo Jesus!  (Fp 1:6).

Atente para a palavra de 1 Coríntios 3: 6-9 : “ Eu plantei, Apolo regou, mas Deus deu o crescimento. Portanto, nem quem planta nem quem rega é alguma coisa, mas somente Deus que dá o crescimento . Quem planta e quem rega é um, e cada um receberá o seu salário, conforme o seu trabalho. Porque nós somos cooperadores de Deus” . Você é o campo de Deus, o edifício de Deus! Quando você não sabe o que fazer ou dizer, a oração é o melhor lugar para começar . Não negligencie o poder da oração neste momento. Temos o privilégio de ser co-trabalhadores com Deus, mas somente Ele é quem traz o crescimento!

Faça mais perguntas . A incapacidade de dar conselhos pode ajudar sua liderança mais do que você imagina. Como você mesmo não pode transformar as pessoas, a melhor opção que  você  tem  é ajudá-las a percorrer o caminho. Algumas perguntas podem ser relevantes para a concretização deste apoio. Aqui estão alguns exemplos:

  • “Quais são as opções à sua frente?”
  • “O que você está sentindo?”
  • “O que você deseja?”
  • “Como Deus pode estar trabalhando em sua vida por meio disso?”
  • “Como você pode ser uma bênção para seus filhos / cônjuge / família alargada / colegas de trabalho / clientes / fornecedores / vizinhos / etc. nessa situação?”
  • “O que você pode fazer esta semana para avançar?”

E lembre-se, você tem o benefício de uma comunidade de pessoas dentro do seu grupo (e da igreja em geral),  que podem estar passando por coisas semelhantes. Mesmo que nada de extraordinário seja feito, o simples ato de suportar as cargas uns dos outros – mesmo quando elas não podem ser “resolvidas” – pode trazer um conforto incrível no meio da luta.

Estabelecida a base para encarar os desafios de outras pessoas por meio da  prestação de contas, quero dedicar algum tempo citando alguns problemas,  que podem despertar seus pensamentos sobre a otimização da prestação de contas nas próximas semanas. Isso pode parecer um pouco com uma lista de lavanderia, mas pense nela quase como um quadro branco para reflexão: deixe que as idéias que ressoam em você estimulem seu pensamento; aquelas que não se conectam, ignore-as.

  • Com novos ritmos de vida, surgem novas ou diferentes tentações. Como uma mudança de horário, responsabilidades ou local abriu as portas para tentações específicas?
  • Os conflitos relacionais podem estar em ascensão, pois muitos vivem em locais fechados e com tempo limitado. Freqüentemente, o conflito que surge não é necessariamente novo, mas algo que foi deixado sob a superfície por um tempo e agora tornou-se inevitável.  A boca fala do que está cheio o coração (Mt 12:34). Como está seu coração nesta nova situação?
  • A maioria das pessoas passava a maior parte do tempo da semana fazendo seu trabalho, seja ele um trabalho remunerado ou o duro trabalho de criar filhos, e o que faziam frequentemente  dava algum senso de identidade. Para quase todos, esse trabalho sofreu, de uma maneira ou de outra, uma mudança drástica: perda de emprego e renda; trabalho em casa; cuidado com as crianças; responsabilidade com a educação escolar delas; carga de trabalho drasticamente reduzida; o estresse para impedir que uma empresa afunde; a tensão (e possível ressentimento) de estar “em casa”, mas inacessível à família; medo de exposição ao COVID-19 durante o trabalho; preguiça em atender as demandas do empregador; excesso de trabalho expondo os ídolos do coração.

Não podemos subestimar o impacto que esses tipos de mudanças estão trazendo nas pessoas. Se não falarmos sobre isso, provavelmente estaremos perdendo uma oportunidade de discernir algumas coisas que mais pesam no coração das pessoas: a adoração pessoal – como os novos ritmos da vida afetaram o tempo designado para estar com o Senhor? A segurança financeira –  como alguém pode encontrar assistência financeira? Como a instabilidade financeira pode expor um coração de ganância? Como ela pode ser uma oportunidade de exercer generosidade? Os impactos diretos da Covid 19 – a contaminação com o vírus; o cuidado com algum familiar contaminado; o impacto emocional do isolamento social; a obrigação de ficar em casa para introvertidos e extrovertidos; a ausência de privacidade no lar; as conexões sociais precárias; o vazio causado pela ausência de filhos e netos; uma tendência à ansiedade e depressão…

Temos então, uma excelente oportunidade para estimular as pessoas a se conectarem e a encontrarem recursos que possam efetivamente favorecê-las. Como uma rotina de exercícios físicos pode trazer saúde física? Quais são as oportunidades que a pandemia está trazendo para o trabalho, família e a missão do Reino? Em meio a todas estas realidades, vale lembrar que o sentimento que pode estar tocando mais alto para as pessoas (incluindo líderes) é o medo. A resposta para ele não é simplesmente estabelecer alguns passos de boas ações. Em toda a Bíblia, o refrão repete: “Não tema, porque eu estou com você.” Enquanto caminhamos com as pessoas por tudo isso, precisamos apontar para os outros e para nós mesmos na direção  DAQUELE:  que nunca nos deixa ou nos abandona,  porque Ele mesmo experimentou o abandono para que nunca nos sentíssemos sozinhos;  que é o único que suporta nossas cargas e concede uma paz que supera a nossa compreensão; que alimenta os corvos e sabe que também precisamos de comida; que está sentado em Seu trono controlando todas as coisas. Portanto, ajude as pessoas, faça ajustes, ande com elas, seja conduzido pelo poder do Espírito de Deus em meio a estas realidades desconhecidas e aponte sempre para Aquele que pode trazer paz aos nossos medos.

Ryan Brown (Diretor de Treinamento e Desenvolvimento de Líderes do Life on Life/EUA)